18.11.10
28.10.10
11ª FESTA DO CINEMA FRANCÊS
Micmacs À Tire-Larigot – 2009
de Jean-Pierre Jeunet
Trailer
Mammuth – 2010
de Benoît Delépine e Gustave Kervern
Trailer
(continuação amanhã)
de Jean-Pierre Jeunet
Trailer
Interpretado por Danny Boon, o actor e realizador do enorme sucesso “Bem-vindo ao Norte”, encarna um tipo que se quer vingar de dois grandes barões da industria bélica, que indirectamente se cruzaram na sua vida devido a uma bala que se alujou na sua cabeça e a uma mina que matou o seu pai. Para tal recorre às estratégias mais hilariantes e a um engenhoso grupo de amigos nesta recomendável comédia.
Jeunet, detentor de uma experiência comprovada, tem-nos vindo a presentear com fabulosas comédias, entre elas “O Fabuloso Destino de Amélie”, filme este que voltou a pôr o cinema francês nos píncaros do cinema mundial. Nesta nova comédia vai buscar muito do burlesco característico do “Delicatessen”, o seu primeiro grande sucesso. Presta-lhe uma homenagem através de uma piscadela de olho em pequenos apontamentos tais como um excerto da música desse filme ou mesmo a referência ao submundo dos esgotos, aqui paralelamente retratado com o mundo dos sucateiros. De resto, todo o estilo, técnica e forma de filmar continuam a ser características imutáveis deste gigante do actual cinema francês.
Mammuth – 2010
de Benoît Delépine e Gustave Kervern
Trailer
Filme tão simples quanto bizarro, encabeçado por Gerard Depardieu, um reformado numa viagem errante ao seu passado em busca dos antigos papéis de vencimento. Mammuth é a alcunha do personagem e também o modelo da mota que o leva pela França profunda, neste livro da vida folheado ao contrário. Pelo caminho, Mammuth vai-nos dando as peças do puzzle, fornecendo-nos também pistas de que é uma pessoa tão bruta quanto sensível e simples.
Depardieu, embora cada vez mais parecido com Obélix, brinda-nos com uma representação sem mácula, numa película com algumas pinceladas de autor.
(continuação amanhã)
Pedro Mendes Madeira
Prémio de Investigação
O Prémio Fundação Mário Soares é atribuído anualmente a autores de dissertações académicas ou de outros trabalhos de investigação realizados no âmbito da História de Portugal do Século XX.
O Prémio Fundação Mário Soares é constituído por uma quantia em dinheiro, de 5.000,00 euros.Os trabalhos concorrentes deverão ser apresentados em quatro exemplares (um original e três cópias) e entregues na Fundação, ou remetidos por correio, até 22 de Dezembro de 2010.
Era uma aguardente e uma sexta-feira
«Era uma aguardente e uma sexta-feira.» E terá que ser sexta-feira, mesmo que não seja. Será sempre assim porque os patrões não gostam de ser contrariados. E os patrões são tudo, eles são a voz da razão e a garantia de estabilidade em tempos difíceis. Era assim em Menina Júlia de Strindberg, de 1888, e é assim n’O Senhor Puntilla e o Seu Criado Matti de Brecht, peça finalizada em 1948.
Há, muito provavelmente, mais aspectos semelhantes do que opostos nestas duas peças, pois em ambas surge uma (in)evitável relação dos criados com as filhas, com promessas de amor e fugas. Em ambas há deslumbramento, e há uma dura queda no gélido chão da realidade. Porque ambos se apercebem que eles são apenas criados e elas mulheres com futuro, e não há futuro para um mundo feito de dois mundos.
Contudo, duas diferenças substanciais sobressaem: em Brecht há cumplicidade e proximidade entre patrão e criado, em Strindberg não. Com o dramaturgo e encenador alemão o coro, e como é hábito na sua dramaturgia, tem um papel de destaque, sendo por isso fundamental na impreterível tomada de posição do espectador. Se até ao intervalo esse papel resume-se unicamente aos músicos e vocalistas em palco, a seguir à interrupção as três mulheres do campo, que já anteriormente tinham cantado, assumem inequivocamente o papel do coro opinativo, provocando parte do efeito de estranhamento. Este mesmo efeito encontra-se também presente com a câmara em palco e o ecrã a retransmitir a realidade. A dos personagens e a do público. O fim da terceira parede.
Sinal menos para alguns cantores/actores, mas sobretudo para o seu playback manhoso. A música contribui muito positivamente para o drama, sendo por isso de elogiar as composições de Mazgani. A máquina de cena é bastante interessante, funcional e mostra-se fundamental para as mudanças de cenário, sobretudo para a cena final. Sinal mais para Miguel Guilherme. Sim. Porque ele existe enquanto actor bem para lá do cómico, mas sempre com piada.
A peça encontra-se em cena até domingo no Teatro Aberto, e recomenda-se vivamente.
Há, muito provavelmente, mais aspectos semelhantes do que opostos nestas duas peças, pois em ambas surge uma (in)evitável relação dos criados com as filhas, com promessas de amor e fugas. Em ambas há deslumbramento, e há uma dura queda no gélido chão da realidade. Porque ambos se apercebem que eles são apenas criados e elas mulheres com futuro, e não há futuro para um mundo feito de dois mundos.
Contudo, duas diferenças substanciais sobressaem: em Brecht há cumplicidade e proximidade entre patrão e criado, em Strindberg não. Com o dramaturgo e encenador alemão o coro, e como é hábito na sua dramaturgia, tem um papel de destaque, sendo por isso fundamental na impreterível tomada de posição do espectador. Se até ao intervalo esse papel resume-se unicamente aos músicos e vocalistas em palco, a seguir à interrupção as três mulheres do campo, que já anteriormente tinham cantado, assumem inequivocamente o papel do coro opinativo, provocando parte do efeito de estranhamento. Este mesmo efeito encontra-se também presente com a câmara em palco e o ecrã a retransmitir a realidade. A dos personagens e a do público. O fim da terceira parede.
Sinal menos para alguns cantores/actores, mas sobretudo para o seu playback manhoso. A música contribui muito positivamente para o drama, sendo por isso de elogiar as composições de Mazgani. A máquina de cena é bastante interessante, funcional e mostra-se fundamental para as mudanças de cenário, sobretudo para a cena final. Sinal mais para Miguel Guilherme. Sim. Porque ele existe enquanto actor bem para lá do cómico, mas sempre com piada.
A peça encontra-se em cena até domingo no Teatro Aberto, e recomenda-se vivamente.
Scientific life under the Portuguese dictatorial regime (1929-1954)
Introduction
This paper aims at analyzing the scientific agenda of the Portuguese dictatorial regime and how it interacted with the emergence and development of two distinct communities, the community of physicists and the community of geneticists. With the word “interaction”, we mean to approach the relationship between science and politics from a dynamic point of view, considering each one as a resource for the other.The analysis of different political regimes – democratic, fascist, and communist – led Carola Sachse and Mark Walker to conclude “that no one political ideology or system is best, or for that matter worst, for supporting science.”[1] Likewise our concern is to show how science developed in Portugal under a dictatorial regime whenever its officials deemed it desirable to fund scientists and scientific institutions in order to implement their policies. We question how and in what ways specific scientific contents and practices co-evolved within a particular political context.
In this paper we use the comparative method to contrast two different groups of scientists which due to their more noticeable dissimilarities and loosely connections offer the opportunity to illustrate in more dramatic ways different instances of co-evolution of science and politics. The group of geneticists reveals a more loosely nature, the group of physicists gave way to what genuinely may be named as a research school. One emerged concurrently in the university context (University of Coimbra) and in one experimental station designed to respond to the international and political context of autarky; the other was grounded solely in the university context (University of Lisbon). Both were the result of events which took place around 1929.
In the context of peripheral countries, scientific groups were often heavily dependent on charismatic leaders, and in the same way political agendas were often dependent on the stamina and ideas of individual politicians. In the Portuguese case, the role of two scientists turned politicians, the agronomist and geneticist Sousa Câmara, and the geneticist and advocate of eugenics Tamagnini, proved crucial. Our narrative ends in 1954 when the relationships between the regime and physics changed noticeably, pushedforward by external events and the ideas of another individual, Leite Pinto.[2]
de Júlia Gaspar, Maria do Mar Gago, Ana Simões
(continue a ler em HOST- Journal of History of Science)
11ª FESTA DO CINEMA FRANCÊS
Des Hommes et Des Dieux (Dos Homens e dos Deuses) – 2010
de Xavier Beauvois
Trailer
Um drama baseado em factos reais sobre oito monges num mosteiro nos confins da Argélia. Este é um filme sobre o ser humano e a humanidade, retratando a harmonia e a ajuda entre cristãos e a população muçulmana, em dissonância com os atentados dos grupos fundamentalistas islâmicos na região. É um filme lento e pejado de dignidade, com uma enorme coerência entre o dever fazer e o fazer realmente no sentido de missão suprema.
Foi filmado em Marrocos e não na Argélia, bafejado por uma fotografia, tão mágnifica quanto silenciosa ou solitária, das altas montanhas do Atlas.
A cena do último jantar dos monges começa por ser enquadrada pela imagem reflectida num espelho rectangular passando, posteriormente, para um “close-up” de cada um dos monges ao som do Lago dos Cisnes op. 20 de Tchaikovsky. Aqui não existem falas e nesta intensa passagem o realizador procurou fazer a alusão à “Última Ceia” de Da Vinci. Demorou cinco horas para ser rodada, servindo como um pronúncio, latente nos rostos expressivos dos personagens. A música foi especialmente escolhida para reproduzir o efeito desejado
Este filme teve o Grande Prémio de Cannes 2010.
Hors-La-Loi – 2010
De Rachid Bouchareb
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Conta-nos a história de três irmãos expulsos da Argélia e da sua luta pela libertação do seu país. É um filme solidamente conseguido, encabeçado por Jamel Debbouze, o actor lançado com o filme “O Fabuloso Destino de Amélie”, cujo tema é um período da história muitas vezes esquecido. Thriller intenso, forte e bem interpretado.
(continuação amanhã)
(continuação amanhã)
Pedro Mendes Madeira
26.10.10
11ª FESTA DO CINEMA FRANCÊS
Le Concert (O Concerto) – 2009
de Radu Mihaileanu
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L’Arnacoeur – 2010
de Pascal Chaumeil
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de Radu Mihaileanu
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Retrata, em tom de comédia, a história de um grande maestro da ex-União Soviética do período de Brejnev, obrigado a abdicar da sua carreira por ir contra as políticas de exclusão de todos os músicos de origem judaica da sua orquestra de Bolshoi.
Trinta anos depois permanece no teatro Bolshoi como mero empregado de limpeza e eis que chega, equivocadamente, às suas mãos um convite por parte do Thèâtre du Chatelete para que a orquestra toque em Paris. Assim, decide reunir os antigos companheiros e músicos de há trinta anos e formar uma Orquestra de Bolshoi fictícia.
O momento final, com o Concerto para Violino em Ré Maior op. 35 de Tchaikovsky, é de tal forma apoteótico e de uma candura subliminar que arrepia até às lágrimas.
Curiosamente, a orquestra é maioritariamente formada por músicos profissionais.
Este filme foi o grande vencedor da Festa do Cinema Francês, com a atribuição do Prémio do Público no valor de 2500 euros, revertendo a favor da divulgação e distribuição do filme junto das salas portuguesas.
L’Arnacoeur – 2010
de Pascal Chaumeil
Trailer
Comédia muito divertida em que Roman Duris, o célebre actor da “Residência Espanhola”, assume o papel de Don Juan profissional, destruindo unicamente relações sem futuro. A fasquia sobe, tendo como última tarefa conquistar, em pleno Mónaco, Vanessa Paradis ou não fosse ela a companheira de longa data de Johnny Depp na vida real.
No início do filme, o poema proferido por Roman Duris em português do Brasil foi escolhido pelo próprio após declinar todas as sugestões recolhidas por técnicos.
O argumentista Laurent Zeitoun tirou a ideia deste filme de algo que lhe aconteceu no seio familiar quando se apercebeu que a prima estava apaixonada por uma pessoa que a fazia infeliz e a maltratava, sugerindo ao tio contratarem um actor dotado de artimanhas para os separar. A relação não foi por diante, não chegando a ser necessário contratar o dito actor mas este argumentista ficou com a ideia em mente.
Um título plausível para este filme seria “L’Arrache Couer” (Arranca Corações), tal como o livro de Boris Vian, embora o realizador tenha optado por L’Arnacoeur por implicar um jogo de palavras igualmente válido.
(continuação amanhã) Pedro Mendes Madeira
Em qual das mãos está escondida a Primeira República?
Amadeo de Sousa Cardoso, " A Máscara do Olho Verde", Óleo, 1915, Col. Sousa Cardoso
O jogo de criança que consiste em esconder um objecto numa mão, para outro adivinhar em que mão está, remete-me muito para este jogo de criticar ou louvar a Primeira República. Abre essa mão pirralha, vês como estava nessa mãozinha querida. Nas crianças é mais fácil, têm uma mini-mão e quando o objecto é grande não há muita volta a dar. Conquanto, é sempre importante fingir um certo desafio, pelo menos nas primeiras dez vezes que jogamos; afinal de contas, é preciso entreter a criança, mas também não desejamos que se torne burra ou manipulável. Ora, se as mãos da história são certamente enormes, qual é o tamanho da Primeira República Portuguesa?
Construir um artigo entre comemorações e jogadores profissionais é sempre arriscado. Para já tenho a vantagem de poder ter lido alguns artigos interessantes, aprender umas palavras novas, reunir um arsenal tecnológico e caseiro de defesas, críticas e piropos.
Ainda assim começo com prudência, tenho em consideração que a Primeira Republica é uma adolescente cativante de 16 anos, protegida portanto pela lei, com um pai mais velho de 90 anos (a monarquia constitucional portuguesa), e uma mãe (Portugal) que corre sempre o risco de entrar em depressão pós-parto. A verdade é que houve pouca paciência para a pequena, logo aos 16 anos a tonta ingressou num colégio militar – maldito estigma! E cem anos depois há quem diga que o pai se devia ter mantido solteiro, entusiasmando-se constitucionalmente, ou com pequenos namoros entre regeneradores e progressistas. Tenhamos um pouco de cabecinha, se uma monarquia mais republicana que aquela não existia, chame-se então os bois pelos nomes e democratize-se o sistema monárquico liberal: República.
Mas que diferenças trazia a Primeira República portuguesa? Primeiramente, é preciso ter consciência que a história não se faz apenas das conquistas, mas também dos seus sonhos, das suas paixões, das suas metades, das especificidades de uma época. Neste sentido, a Primeira República redefiniu efectivamente os símbolos da nação, palavras, imagens, ligações, e cimentou o respeito pelo cidadão. Apesar de tudo, o que ganhou pelo seu idealismo e vontade de fazer história, perdeu pela sua teatralidade, exagero, bem como, carência de um projecto económico eficaz, durante um período histórico convulso a nível mundial.
O desejo de modernizar o país é porém estimável, é um accionar da história que motiva a nação permitindo a sua existência. Contudo, se esta acção suportar o seu peso sobre uma base insípida, servirá apenas para renovar optimismos e confianças, que terminarão certamente em desilusão.
A mudança de regime não é por si só suficiente para activar a história, nem a sua legitimidade se pode defender apontando erros do regime anterior, deve sim elevar-se através das suas próprias vitórias. Pergunto novamente: qual é o tamanho dessa República? Relembro o panfleto de Almada de Negreiros sobre a exposição de Amadeo de Souza-Cardoso (1916): esta era superior à descoberta do caminho marítimo para a Índia e «a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX»; também ela uma modernização da alma lusa. Apesar de tudo, a exposição foi um insucesso, era pois hábito cuspir em telas modernistas e o artista seria apenas recuperado na história muitos anos mais tarde. Amadeo morreria novíssimo, em 1918, e ficava por ali a década com o saldo miúdo mais positivo na criação portuguesa da época. Qual então o saldo da Primeira República portuguesa?
Fernando Pessoa em «Como organizar Portugal» (1919) explicava: «Os homens do nosso tempo, destituídos por completo do senso das realidades, extraviados, por hipotéticos “direitos”, “justiças” e “liberdades”, da noção científica das coisas, não logram, nem mesmo em teoria, visionar a construção da prática. Um século, ou mais, de “princípios de 89”, um século, ou mais, de “liberdade, igualdade, fraternidade” tornou o geral dos europeus, salvo os alemães, obtuso para aquelas noções concretas, com as quais seguramente se constrói o futuro». Claro que seguindo um tom futurista, Pessoa assume que o segredo da organização de uma sociedade progressista é entrar em guerra, e que numa sociedade provinciana - como a portuguesa - a solução está na máquina e educação.
Realmente, festejar a Primeira República portuguesa é festejar o romantismo. A importância de «89» é hoje mais da queda do Muro de Berlim (1989) e não da Revolução Francesa (1789), que obviamente instaurou os princípios democráticos, uma forma de educar e pensar específicas, determinantes na história da humanidade. Não obstante, a Alemanha dá-nos hoje uma outra lição de «89»: a lição da prática. Vinte anos depois da reunificação, a Alemanha é o país mais influente em termos políticos e económicos da zona euro, impulsionando novas regras de jogo mais pragmáticas.
Numa pacífica União Europeia que deixou de ser romântica depois do Holocausto, que é no fundo a raiz da sua identidade, a resposta ao tempo é excessivamente alemã, mas necessária. Ainda bem que não existem alternativas viáveis à República, pois seria uma tentação deliciosa para os mais românticos.
O futuro de Portugal consiste numa identificação honesta com os valores da União Europeia, e com um tipo de democracia que se coadune com o cidadão contemporâneo, global, imagético e interactivo. A dúvida mais imediata é a seguinte: Em qual das mãos está o futuro da democracia: na esquerda ou na direita?
Sérgio Coutinho
Nasce em Lisboa, em 1987, e continua esse processo em todo o lado, autênticos partos semeados, parto aquilo, parto isto, parto daqui para fora, volto ao ventre. Entre adições e subtracções: Licenciou-se em Design na FA-UTL (2008), tem a pós-graduação em História de Arte Contemporânea na FCSH-UNL (2010), iniciou Doutoramento em História de Arte Contemporânea na FCSH-UNL (2009), aventurando-se também no Mestrado de ensino de artes visuais para 3ºciclo e secundário na Lusófona (2010). Nada mais a declarar senão o último pequeno-almoço: http://www.recreioinedito.blogspot.com/
25.10.10
11ª FESTA DO CINEMA FRANCÊS
Esta festa existe como uma Janela Discreta de tudo o que de melhor se faz no cinema de expressão francesa, promovendo a divulgação e a difusão junto das distribuidoras portuguesas.
No caso de Lisboa, são dez preenchidos dias em que a cidade se veste de francofonia à la carte, permitindo avivar o gosto por esta forma de filmar.
Quem distraidamente palmilhou os socalcos da Avenida da Liberdade no decorrer deste festival, deparou-se com uma magistral encenação, um punhado de França, trazido até nós na envolvente do cinema São Jorge. Este edifício, um cunho do Estado Novo com 60 anos de existência, foi considerado um marco para a época, por ter sido a maior sala de espectáculos do país, com capacidade para 1827 espectadores e um arsenal de inovações tecnológicas – entre elas o ar condicionado que, infelizmente, não sobreviveu nas melhores condições até aos dias de hoje. Assim, por entre a sua magnífica escadaria e varanda em consola, é-nos projectada para o exterior a ambiência gourmet em jeito de travelling[1]. Por esta moldura avista-se a desencorajante fila para a bilheteira, pares e grupos em acesas reflexões sobre ideias e filmes, erguendo-se um palco da francofilia. São os costumes e trajes, boinas e echarpes, silhuetas e fisionomias estrangeiras, bancas com filmes e discos que nos fazem crer que, até mesmo do lado de cá da cortina se glorifica para além da tela.
O cinema de autor europeu e em particular o francês têm assistido, na última década, a um florido renascer em contraste com o americano. Longe de se equiparar à insustentável e pungente denúncia social do cinema do pai Truffaut e dos outros “jovens turcos”[2] da Nouvelle Vague[3], o actual cinema francês vive da implícita necessidade autoral de fecundar e transmitir uma ideia motriz. Prima por retratar personagens solidamente construídos, o relacionamento inter-pessoal e suas idiossincrasias, tão bem espelhado nos diálogos nada gratuitos mas por vezes permeáveis à convivialidade entre tragédia e comédia. Não é um cinema de massas, não tem como fim a facturação ou a reprodução em série. É sim um cinema que procura dar um apontamento para que, volvidas as duas horas de projecção, o espectador sinta o tempo bem empregue e que tenha ingredientes para um jantar, ou mesmo eco a uma nova ideia. Todavia, a cultura francesa bem como o seu cinema padecem, de certa forma, do sindroma da Gloria Swanson em o “Crepúsculo dos Deuses”, isto por se tratar de toda uma cultura na sombra dos seus tempos de glória. Em suma, este cinema tem como pedra basilar não só o apelo à ilusão e ao entretenimento bem como um forte convite a que o espectador reflita, pensando e emocionando-se com o que vê, não se limitando meramente a receber informação, mexendo com o “eu” de cada um de nós.
Relativamente à programação, cingir-me-ei a mencionar os filmes dos quais guardo o canhoto na algibeira, filmes estes que, na sua maioria, chegarão ao circuito nacional.
(continuação amanhã)
Pedro Mendes Madeira
[1] Terminologia de cinema que retrata todo o movimento da câmara com deslocamento no espaço. Esta movimentação é normalmente obtida recorrendo a carrinhos com trilhos ou gruas, sendo normalmente utilizada para acompanhar planos-sequência para evitar cortes na acção.
[2] Alcunha dada aos críticos de cinema pertencentes aos Cahiers du Cinéma (revista francesa de cinema fundada em 1951) da qual faziam parte Jean-Luc Godard, François Truffaut, Eric Rohmer, Claude Chabrol, Jacques Rivette, entre outros.
[3] “Nova Vaga”. Termo baptizado pelo jornalista Françoise Giroud ao movimento que surgiu em França nos finais dos anos 50, associado aos primeiros filmes dos antigos críticos dos Cahiers du Cinéma, assumindo aqui o papel de realizadores.
[Nota de edição: Pedro Mendes Madeira começou no dia de hoje, uma colaboração regular neste espaço]
22.10.10
a cidade de cada um...
Pasolini e La Forma Della Citá
de Pier Paolo Pasolini e Paolo Brunatto
15' Itália 1974
Helsinki Forever
de Peter von Bagh
75' Finlândia 2008
de Pier Paolo Pasolini e Paolo Brunatto
15' Itália 1974
O filme de Pasolini, realizado para a televisão, é um poderoso ensaio sobre a forma da cidade, sobre a representação do espaço público e acerca do progresso e da transformação urbanística, tendo por base a antiga cidade italiana de Orso.
Helsinki Forever
de Peter von Bagh
75' Finlândia 2008
O filme de Peter von Bagh é uma montagem de elementos fílmicos relativos à cidade de Helsínquia – tal como é representada no cinema, na pintura, literatura, na música, num ensaio sobre a cidade, as suas imagens e a complexa relação com a História.
A cidade, e não apenas no seu confronto com o campo, sempre foi tema de filmes. Da inigualável Metropolis de Fritz Lang à mais recente Paris de Cédric Klapisch, passando pelas Wings of Desire de Wim Wenders, a cidade como personagem principal ou elemento fundamental na acção narrativa.
Douro, Fauna Fluvial, de Manoel de Oliveira ou Lisbon Story de Wim Wenders são talvez os exemplos que nos são mais próximos, pelo que ficam as questões: Como se filma a cidade de cada um de nós? Qual o melhor filme sobre uma cidade? É realmente possível filmar uma cidade ou como dizia Pasolini há algo numa cidade que lhe transmite uma identidade e personalidade própria que não pode ser capturado?
19.10.10
A Internet matou o Jornalismo?
Quarta 20 de Outubro 22H Bartô/Outras Quartas
A Internet matou o Jornalismo?
Debate promovido pelo Sindicato dos Jornalistas e o Chapitô
Oradores:
Daniel Oliveira – Bloguer “Arrastão”
Filipe Caetano – Editor do site TVI 24
Nicolau Santos – Director-Adjunto do Semanário Expresso
Moderador: Nuno Ramos de Almeida – Sindicato dos Jornalistas
A Internet matou o Jornalismo?
Debate promovido pelo Sindicato dos Jornalistas e o Chapitô
“Blogues, Twitter, Facebook, Ipad são palavras que entraram de rompante no nosso tempo. A Internet multiplicou as possibilidades das pessoas comunicarem. Grande parte da informação que recolhemos destas novas fontes é obtida sem a mediação dos jornalistas. Coincidência ou não, o aparecimento das novas tecnologias agravou a crise da comunicação social e sobretudo dos jornais. Os grupos de comunicação multiplicam iniciativas nesta rede global, mas não conseguem encaixar o seu modelo de negócio nela. Previsões dão os jornais como mortos num futuro próximo. Será que a Internet matou o jornalismo? Ou pelo contrário, a Internet é uma força revolucionária que torna os cidadãos sujeitos em vez de espectadores e o que está em causa são os grandes grupos de comunicação que só pensam em negócio e esqueceram-se dos valores do jornalismo?
Estas são algumas das questões que pode aprofundar num debate que se vai realizar a 20 de Outubro com a colaboração do Chapitô e do Sindicato dos jornalistas.”
Estas são algumas das questões que pode aprofundar num debate que se vai realizar a 20 de Outubro com a colaboração do Chapitô e do Sindicato dos jornalistas.”
Oradores:
Daniel Oliveira – Bloguer “Arrastão”
Filipe Caetano – Editor do site TVI 24
Nicolau Santos – Director-Adjunto do Semanário Expresso
Moderador: Nuno Ramos de Almeida – Sindicato dos Jornalistas
15.10.10
o p10 recomenda...
O DocLisboa 2010 já começou. São 10 dias de muito cinema. São mil e um filmes por onde escolher. O PROJECTO10 ajuda os cinéfilos, os apaixonados pelo cinema, os curiosos ou apenas os que não fazem a mínima ideia do que ver e apresenta algumas das suas propostas:
16 Out.
17:30
Cinema CITY CLASSIC ALVALADE - Sala 1
The Perfect Human / The Five Obstructions
de Jørgen Leth / de Jørgen Leth e Lars von Trier
13' Dinamarca 1968 / 87' Dinamarca, Suíça, Bélgica, França 2003
21:00
CULTURGEST - Grande Auditório
Qu'ils Reposent en Révolte
de Sylvain George
150' França 2010
22:30
Cinema LONDRES- Sala 1
Gaza-Strophe, le Jour d'Après
de Samir Abdallah, Khéridine Mabrouk
52' França, Palestina 2010
17 Out.
18.00
Cinema LONDRES- Sala 1
Cruzeiro Seixas
de Ricardo Espírito Santo
55' Portugal 2010
18 Out.
19:30
Cinema SÃO JORGE - Sala 1
Songs From the Nickel
de Alina Skrzeszewska
83' EUA, Alemanha 2010
22:15
Cinema CITY CLASSIC ALVALADE - Sala 3
Patrice Chéreau, le Corps au Travail
de Stéphane Metge
74' França 2009
23:00
Cinema SÃO JORGE - Sala 3
The Woman with the 5 Elephants
de Vadim Jendreyko
93' Suíça, Alemanha 2009
19 Out.
16:00
Cinema LONDRES - Sala 1
Freedom Riders
de Stanley Nelson
113' EUA 2009
20 Out.
20:15
Cinema CITY CLASSIC ALVALADE - Sala 3
Motion Picture / Eddy Merckx in the Vicinity of a Cup of Coffee / AARHUS
de Jørgen Leth
20' Dinamarca 1970 / 29' Dinamarca 1973 / 28' Dinamarca 2005
21 Out.
22:30
Cinema LONDRES - Sala 1
Mendelssohn Bartholdy / Les Oiseaux d'Arabie
de Rita Bakacs / David Yon
9' Alemanha 2010 / 40' França 2009
O PROJECTO10 apoia o cinema documental em Portugal, e tem por isso ofertas especialmente para os seus leitores. São 10 durante a próxima semana no Facebook. Não percam!
14.10.10
#8 | República | Amanhã online
A Sessão de Apresentação será amanhã no Botequim da Graça, pelas 20h.
Esperamos por todos.
Realização e Montagem: João Manso
Imagem e Direcção de Fotografia: Armanda Claro
Áudio: Zé Pedro Alfaiate
Feito a partir de fotografias de Joshua Benoliel para a revista Ilustração Portugueza. Fonte: revistaantigaportuguesa.blogspot.com/
A música é uma versão de Air, Suite No. 3 in D major, BWV 1068 (Air on the G String) de Johann Sebastian Bach.
Esperamos por todos.
Realização e Montagem: João Manso
Imagem e Direcção de Fotografia: Armanda Claro
Áudio: Zé Pedro Alfaiate
Feito a partir de fotografias de Joshua Benoliel para a revista Ilustração Portugueza. Fonte: revistaantigaportuguesa.blogspot.com/
A música é uma versão de Air, Suite No. 3 in D major, BWV 1068 (Air on the G String) de Johann Sebastian Bach.
13.10.10
12.10.10
uma certeza e uma dúvida
Mário Vargas Llosa admite que a literatura se torne marginal no futuro
[Continua]
in Público, 23/10/03
Uma certeza: O prémio a um dos escritores vivos mais conceituado.
Uma dúvida: A literatura como marginal ou para os mass media? Apocalípticos e Integrados all over again?
(Artigo publicado a 23 de Outubro de 2003)
Uma sociedade impregnada só de imagens seria mais pobre. Mas o cenário não é impossível no futuro. Defender a literatura é, por isso, uma tarefa das famílias e das escolas, defendeu Mário Vargas Llosa no lançamento, ontem, em Lisboa, do seu último livro, "O Paraíso na Outra Esquina", edição conjunta da Dom Quixote e do Círculo de Leitores.
O escritor peruano [...] não descarta a possibilidade de a literatura "se converter nalguma coisa de marginal, relegada cada vez mais como actividade minoritária, e desenvolvida em catacumbas". Se assim acontecer, "haverá um grande empobrecimento da Humanidade", preveniu. "E será por nossa causa, porque a literatura deve fazer parte da vida das famílias e dos programas de ensino a todos os níveis".
Vargas Llosa confessou não saber responder à pergunta de uma jornalista que quis saber qual o papel da literatura num século em que se assiste ao triunfo do "best-seller" rápido e de um tipo de escrita "light". Mesmo aceitando a sua função de entretenimento, avisou que a literatura não pode ser só divertimento. "Se o fosse, seria ultrapassada por outras formas mais eficazes. Não pode competir com a televisão e o cinema", disse. "A riqueza não são as imagens. São ideias materializadas em palavras que se dizem nos livros". O livro de literatura, prosseguiu o escritor, é imprescindível para ensinar a falar as pessoas. "O vocabulário, os matizes, as subtilezas dão-os a boa literatura, que é aquela que mantém um alto nível de criatividade, daquilo que é diferente, do que não temos e com que sonhamos". Uma das superioridades da literatura, concluiu, é a "vocação crítica, que os audiovisuais não têm ou têm domesticada". No centro da trama de "O Paraíso na Outra Esquina", as utopias artística e política de Paul Gaugin, pintor, e da avó Flora Tristan, feminista "avant la lettre", foram pretexto para uma digressão crítica pela história do século XX. "Todas as tentativas de criar a sociedade perfeita traduziram-se em verdadeiros apocalipses", disse Vargas Llosa. "O nazismo foi isso; o comunismo foi isso; todas as grandes utopias levaram a Humanidade à beira do precipício". O escritor adverte que não se pode renunciar à utopia. "É um motor que empurra o desenvolvimento: os grandes cientistas, os exploradores, os santos representam de algum modo a materialização desse sonho utópico". Faz, contudo, uma distinção entre a utopia política e a utopia individual. "As utopias políticas trouxeram mais prejuízos do que benefícios à Humanidade. A felicidade nunca se pode encontrar num projecto colectivo".
[Continua]
in Público, 23/10/03
Uma certeza: O prémio a um dos escritores vivos mais conceituado.
Uma dúvida: A literatura como marginal ou para os mass media? Apocalípticos e Integrados all over again?
10.10.10
"Há sempre um copo de mar para um homem navegar".
A identidade visual da 29ª Bienal de S. Paulo pode não ser consensual, é certo, mas o processo criativo na sua origem tem aquele interesse de backstage e leva-nos a compreender um pouco melhor todo o caminho e desenvolvimento da ideia. Bom passeio.
7.10.10
em jeito de lembrete
ilustração Rúben Nobre |
"Da República centenária poderemos extrair vários ensinamentos. Entre eles, destaca-se um: não é da crispação que nascem as soluções para os problemas. Impõe-se, pois, que exista um compromisso político de coesão nacional"
Cavaco Silva no último 5 de Outubro
Aires Gouveia
[publicado em simultâneo no Bobina Desbobina]
6.10.10
Afinal para que serve a arte?
Hoje, às 18h30, na Culturgest
O Institute of Ideas criou, desde 2000, um fórum para debate público, vivo e inteligente, sobre temas sociais complexos. Uma das suas iniciativas é um festival de dois dias, Battle of Ideas que todo os anos se realiza em Londres em finais de Outubro. Durante esses dois dias, dezenas de debates sobre os temas mais variados são realizados. Alguns especialistas introduzem a discussão que se alarga ao público. É, de resto, a participação do público nos debates o objectivo principal deste Festival.
Paralelamente o Instituto organiza Eventos Satélite em várias cidades do Reino Unido, de países europeus e da Índia e em Nova Iorque.
Este ano o Instituto decidiu organizar um desses Eventos Satélite em Lisboa, escolhendo a Culturgest para o acolher e co-organizar.
Vamos debater o tema “Afinal para que serve a arte?”, introduzido por:
Angus Kennedy, responsável pelas relações externas do Institute of Ideas, participante frequente na Battle of Ideas, interveio, na edição de 2009, no tema “Podem as artes salvar a economia?”
Augusto Mateus, Professor catedrático do ISEG, ex-Ministro da Economia, responsável pelo estudo “O Sector Cultural e Criativo em Portugal”, encomenda do Ministério da Cultura;
Jorge Silva Melo, encenador, dramaturgo, realizador de cinema, actor, fundador do Teatro da Cornucópia e dos Artistas Unidos de que é director artístico;
Miguel Wandschneider, curador, programador das exposições da Culturgest desde 2005.
O debate será moderado por Claire Fox, Directora do Institute of Ideas. Cada um dos intervenientes fará uma pequena introdução de cerca de 10 minutos, abrindo o debate ao público.
ler o resto (link)
29.9.10
Centro de Interpretação de Mapungubwe | Arq. Peter Rich
Centro de Interpretação de Mapungubwe, da autoria do arquitecto Peter Rich |
O Centro de Interpretação de Mapungubwe, da autoria do arquitecto Peter Rich, é o grande vencedor dos Earth Awards 2010 (Prémio da Terra), na categoria Arquitectura, que visa promover e inspirar uma nova economia e novos consumidores no mundo inteiro. Aqui, ecologia é entendida como promoção e melhoria do meio ambiental e social, aspectos indissociáveis para uma economia mais consciente do valor da natureza e das pessoas.
in dn artes
The Repercussions of Israel’s Cast Lead Operation for the Future of its Occupation of the Palestinian Territories
Entre 29 de Setembro e 1 de Outubro estará em Portugal o professor Norman Finkelstein. Polémico especialista na problemática do Médio-Oriente, Norman Finkelstein dará uma conferência em Lisboa e outra no Porto, devendo orientar um seminário em Coimbra.
Em Lisboa, Norman Finkelstein apresentará uma conferência intitulada «The Repercussions of Israel’s Cast Lead Operation for the Future of its Occupation of the Palestinian Territories», a 29 de Setembro na Escola Secundária Luís de Camões, às 18.30. A mesma conferência será levada ao Porto no dia 30 de Setembro , às 18 horas, na Cooperativa Árvore. A 1 de Outubro Norman Finkelstein conduz a partir das 11 horas, na sala T2 do departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia, o seminário «Myths and Realities of the Israel-Palestinian Conflict».
São promotores das conferências e do seminário a Comissão Portuguesa de Apoio ao Tribunal Russel para a Palestina, o Grupo de Acção Palestina, o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, o Sindicato dos Professores do Norte, a Fundação Mário Soares e o Centro de Estudos Sociais.
Nota biográfica: Norman Finkelsten é um estudioso internacionalmente conhecido de temas que dizem respeito ao Sionismo, a Palestina e a ocupação israelita dos territórios palestinianos. É autor de vários artigos e livros com muito interesse nesse campo e é conferencista activo a favor dos direitos políticos e humanos do povo palestiniano e contra a ocupação israelita. Judeu americano, filho de sobreviventes do Holocausto, Finkelstein aplica um humanismo universalista radical e consistente à sua crítica da ocupação israelita e dos seus apologistas.
A sua crítica implacável da ocupação e dos seus apologistas tem-lhe custado muito, tendo a recusa da DePaul University em conceder-lhe emprego sido o resultado de intervenções sem precedentes e pressões notórias do lobby sionista (nomeadamente de Alan Dershowitz).
A vida e o trabalho do Finkelstein também foram objecto de um documentário com o título “American Radical”.
O seu livro mais recente, «This Time We Went Too Far: Truth and Consequences of the Gaza Invasion» (OR Books, New York, 2010) é uma análise crítica do massacre perpetrado em Gaza de Dezembro 2008-Janeiro 2009 da Operação Chumbo Derretido. O seu livro The Holocaust Industry (A Indústria do Holocausto, traduzido para o português no Brasil pela editora Record, 2001) analisa criticamente as várias formas de aproveitamento oportunista pelo Estado de Israel e os seus apologistas da realidade do Holocausto para encobrir os crimes reais cometidos pela ocupação aos palestinianos.
Para mais, podem ver o seu website em http://www.normanfinkelstein.com/
via Centro Estudos Sociais (CES)
CONFERÊNCIA
Norman Finkelstein - "The Repercussions of Israel’s Cast Lead Operation for the Future of its Occupation of the Palestinian Territories"
QUA 29 DE SETEMBRO
Escola Secundária Luís de Camões, Praça José Fontana - Lisboa
18h30 · Grátis
18h30 · Grátis
QUI 30 DE SETEMBRO
Cooperativa Árvore, Rua Azevedo de Albuquerque, Miragaia - Porto
18h00 · Grátis
18h00 · Grátis
SEX 1 DE OUTUBRO
Sala T2 do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia - Coimbra
Seminário "Myths and Realities of the Israel-Palestinian Conflict"
11h00 · Grátis
26.9.10
Integral da obra de Fryderyk Chopin
Para homenagear a vida e a obra de Fryderyk Chopin, de quem se celebra o bicentenário do nascimento em 2010, Artur Pizarro vai apresentar, ao longo de toda a Temporada 2010/2011, uma série de nove recitais em que irá interpretar a obra completa para piano solo do compositor.
CCB
30 Set 2010 - 21:00
M/12 ANOS
PEQUENO AUDITÓRIO – SALA EDUARDO PRADO COELHO
DESCONTOS (para bilhetes adquiridos no CCB)Desconto de 25% para menores de 25 anos e maiores de 65
5€ – estudantes e profissionais de espectáculos (n.º limitado de bilhetes)
Desconto de 20% para grupos de 10 a 50 pessoas
on criticism
"My contribution to the formation of a new cinematic language is a matter that concerns critics. And not even today's critics, but rather those of tomorrow, if film endures as an art and if my films resist the ravages of time."
Michelangelo Antonioni
25.9.10
22.9.10
M.A.U. - Backseat Love Songs
Os portugueses M.A.U. (Man And Unable) efectuam hoje um concerto de lançamento, do seu 3º álbum, no ecléctico Music Box em Lisboa. Dentro de um género electro/new wave, o colectivo constituído por Luis F. de Sousa (Voz, Sintetizador, Programação), Nuno Lamy (Sintetizador e Baixo), Pedro Oliveira (Guitarra), Eliana Fernandes (Sintetizador e 2ªVoz), Alex Zuk (Bateria), faixas porta-estandartes deste "Backseat Love Songs" como "Toboggan" ou "Yoyoyoyo", prometem incendiar as pistas de dança. Para comprovar esta noite.
para prévia audição, consulta de sítio próprio e demais interacções com a banda:
MÚSICA
QUA 22 DE SETEMBRO
Music Box, Cais Sodré - Lisboa
22h30 · Grátis
22h30 · Grátis
21.9.10
O Síndrome de Estocolmo II
(continuação)
Tony Judt, eminente historiador recentemente falecido em Agosto passado, no seu último livro "Ill Fares the Land" [a ser editado em português pela Editora 70 no último trimestre do ano - em inglês já disponível no país] tentava alertar precisamente para esta questão, sugerindo uma defesa radical da social-democracia e do estado previdência por parte das novas gerações. Para o mesmo, ideias de pertença em comunidade e a existência de mecanismos de solidariedade, sustentáculo baluarte do modelo social europeu e indutores de maior igualdade em termos societais, tinham sido progressivamente destituídos por uma crescente individualização que acabou por gerar uma maior desigualdade, redundando numa maior sensação de insegurança e medo. Com isso, quebrou-se um ciclo virtuoso que o mundo ocidental viveu até meados da década de 70.
Obviamente, Judt defende um modelo mais igualitário, sem que no entanto belisque a liberdade individual [apoiando-se largamente em muitos estudos efectuados em países da OCDE sobre igualdade do livro "The Spirit Level - Why Equality is Better for Everyone" de Richard Wilkinson e Kate Pickett]. Mas a ideia de Estado enquanto actor central da vida colectiva, intervencionista, mas nada totalitário, à semelhança do New Deal ou do sistema alemão, é algo que o autor assume como necessário. Para o mesmo, em contextos de maior depressão económica, o Estado pode constituir a última membrana de protecção para o indivíduo.
Daí a necessidade de identificar as causas que levaram a esta erosão. Daí a necessidade de recuperar argumentos que rebatam uma visão estritamente economicista da sociedade. Daí a necessidade de recuperar um certo argumentário que se julgava perdido para contrapor ao discurso imperante nos últimos anos. Judt e a sua geração, acabam por ter sido os grande beneficiários de todos estes ganhos, sendo igualmente legítimo referir que muito provavelmente a minha geração, será a primeira que viverá tendencialmente pior que os seus pais.
Hoje em dia, todos estes conceitos têm sido postos em causa. A forte desregulação de mercados e a crescente erosão do poder dos Estados face a outras entidades económicas, é deveras real e em parte explica toda esta situação.
Face à falência dos sistemas de previdência, olhando às condições e premissas sobre os quais foram criados, urge incentivar uma rápida reflexão sobre o caminho a seguir, procurando preservar as boas valências do mesmo. Ainda que os sistemas sejam diferentes de país para país - devido a contextos histórico sócio-culturais, o debate acaba por ser o mesmo seja na Suécia, seja em França onde as greves ocorrem - com reivindicações que muito provavelmente não farão sentido- seja no nosso país, onde em minha opinião um projecto de revisão constitucional desvirtua o princípio de igualdade e livres condições de acesso a bens para a devida realização pessoal, que o Estado deveria facultar. É verdade que o nosso estado previdência não é perfeito, não está isento de falhas, nem é de longe sustentável. Mas foram inegáveis as suas conquistas. Assim como faz todo o sentido, num dos países mais desiguais da Europa Ocidental, repensar o mesmo.
Ainda que tendencialmente torça o nariz às propostas apresentadas - que supostamente não "acabarão" com o Estado Previdência, mas na prática todos já estão a ver que levarão a um consequente sub-investimento no sector público, em prol do sector privado, e aqui é uma questão ética: aos privados, por muito boa vontade que possuam, movem-se por uma questão de lucro; ao Estado deve mover a prossecução e defesa do interesse público e dos seus cidadãos - saúdo ainda assim o levantar da questão. Isto porque obriga que o outro lado possa recuperar o seu argumentário. E obriga a um repensar de um modelo que é neste momento manifestamente insustentável nestes moldes.
Aires Gouveia
[publicado em simultâneo no Bobina Desbobina]
O Síndrome de Estocolmo I
foto: Márcio Barcelos
Tendo estado no poder na Suécia em 65 anos, nos últimos 78 anos, os sociais democratas sofreram uma segunda derrota consecutiva pela primeira vez desde a década de 30. Tido frequentemente pela esquerda como o país modelo do Estado Providência, a derrota da coligação que integrava os sociais-democratas, tidos como os guardiãs deste modelo, suscitou várias reacções e interrogações dos mais variados quadrantes, havendo quem já indique que este é meramente um indício do fim de uma era, vislumbrando alguns o fim do chamado Modelo Social Europeu.
Baseando o modelo numa elevada carga fiscal, sustentando um sistema proactivo com serviços públicos de excelência que acompanham o cidadão durante toda a sua vida [o chamado "from cradle to grave"], este país, através da acção em espacial do antigo primeiro ministro Olaf Palme, combinou este sistema com uma economia de mercado bem liberalizada.
Poderia efectuar uma contextualização histórica mais extensa, afinal de contas, todo este processo foi gradual e a própria criação e maturação do modelo assentou na adopção precoce de medidas de previdência, algo aceite por ambos os lados do espectro político, assim como a existência de uma estreita relação entre uma forte sindicalização da população e a adopção de vias dialogantes com o poder vigente, redundando num modelo societal com altos níveis de solidariedade e senso de comunidade, mas importa reter que neste momento a Suécia é o país do mundo com a maior taxa de população que é possuidora de acções - cerca de 25%. Mais, se adicionarmos a propriedade de algum fundo de investimento ou de pensões, esta taxa dispara para os 80% da população.
Daí que o título deste texto - que retirei do editorial desta segunda feira no Guardian - faça todo o sentido. Num modelo altamente protector, mas dispendioso, e com uma economia de mercado altamente liberalizada, a população sueca, que pelos padrões acima pode-se considerar abastada, acabou por ficar com pulsões mais individualistas e Torbjörn Nilsson, jornalista do semanário sueco Fokus, num artigo antes das eleições, prevendo uma vitória do bloco de centro-direita, questiona-se se "será que o conceito de ética no trabalho [tão afecto ao modelo anglo-saxónico] se sobrepôs ao da igualdade solidária?".
Esta poderia ser uma leitura algo simplista - afinal de contas há mais factores que ajudam a explicar a derrota dos sociais-democratas suecos, entre os quais um primeiro mandato do bloco de centro-direita que pouco ou nada mudou o modelo social vigente, quer a capitalização do descontentamento de franjas da população face ao desemprego crescente, num país onde 14% da população é imigrante, explicando assim a rápida subida da extrema-direita dos Democratas da Suécia - mas levanta-nos uma série de questões, que remetem-nos em alturas de crise, para o questionar da própria sustentabilidade económica de sistemas solidários de previdência como os europeus - que entre si já são algo díspares, isto numa altura em que as condições demográficas e económicas que os proporcionaram se alteraram radicalmente. Que reformulações e adaptações possíveis sem que se perca este vínculo comunitário?(continua)
Aires Gouveia
[publicado em simultâneo no Bobina Desbobina]
19.9.10
Severiano Mário Porto
Circulação coberta, ponto de encontro e convívio comunitário da Aldeia SOS do Amazonas, Manaus, 1994Foto Mirian Keiko Ito Rovo
Integrando as gerações de arquitetos que vivenciaram de perto o início do processo de difusão do modernismo na arquitetura brasileira, Severiano Porto, formado em 1954 pela faculdade de arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, optou por trabalhar em Manaus, onde construiu uma arquitectura própria - a um só tempo moderna, regional e... contemporânea.
in Arquitextos
Poderão muitos dos trabalhos do arquitecto brasileiro Severiano Mário Pinto serem pensados e analisados como exemplos extremos da adaptação da arquitectura ao meio envolvente, ou estaremos apenas perante uma valorização da potencial simbiose entre meio-ambiente e Homem?
Integrando as gerações de arquitetos que vivenciaram de perto o início do processo de difusão do modernismo na arquitetura brasileira, Severiano Porto, formado em 1954 pela faculdade de arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, optou por trabalhar em Manaus, onde construiu uma arquitectura própria - a um só tempo moderna, regional e... contemporânea.
in Arquitextos
Poderão muitos dos trabalhos do arquitecto brasileiro Severiano Mário Pinto serem pensados e analisados como exemplos extremos da adaptação da arquitectura ao meio envolvente, ou estaremos apenas perante uma valorização da potencial simbiose entre meio-ambiente e Homem?
[a "Europa" dos direitos do homem]
(…) E não torna, porque há outra face em que a política de Sarkozy se aproxima e até às vezes se confunde com a política de Hitler. Não é por acaso que a França resolveu escolher os ciganos como objecto do seu rigor e não escolheu, por exemplo, os portugueses. Os ciganos são uma minoria étnica vulnerável e não têm um Estado que os defenda, e os portugueses não são e têm o mais velho Estado da Europa, ainda por cima membro da UE, para falar por eles. Promover colectivamente um pequeno grupo de “estranhos”, sem protecção, a bode expiatório de uma crise grave e à superfície irresolúvel é uma antiga técnica do populismo, que Sarkozy (como Hitler) não hesitou em usar. Só que, por força, ela estabelece sempre sem exame uma culpa colectiva e aponta ao cidadão comum os “culpados” de um “crime” imaginário.
Qual é o verdadeiro “crime” dos ciganos? Em primeiro lugar, a “raça” (uma noção mais do que ambígua). Em segundo lugar a cultura, que, neste caso, incluiu o nomadismo. E, em terceiro lugar, a recusa de se “integrar” na sociedade francesa, presumindo que existe um único modelo de “sociedade francesa”. Ora, como muitas vezes já se verificou, estas três “razões” levam directamente ao ódio e à perseguição. E aqui Viviane Reding não se engana, a II Guerra mostrou a que extremos pode chegar e com que rapidez se pode espalhar o estigma imposto por uma autoridade nacional a uma minoria étnica. Berlusconi já permitiu 315 “intervenções” do Estado em acampamentos de ciganos. Pior ainda, consta que a santificada Angela Merkel se prepara para expulsar 12.000. Onde fica nisto e para onde vai a “Europa” dos direitos do homem?
Vasco Pulido Valente, in Público
18.9.10
16.9.10
Rhythm 10
Marina Abramović - Rhythm 10 (The Star, 1999)
A artista sérvia-montenegrina Marina Abramović será muito provavelmente a artista contemporânea mais extremista e polémica nas abordagens dos conceitos de performance e na exploração dos limites do seu corpo e das reacções do público.
As suas inúmeras e diversas performances insistem nos conceitos de ritual e gesto, mas também de violência e passividade. Obras clássicas como Rhythm 10, Rhythm 5, Rhythm 2 e Rhythm 0, são apenas alguns dos exemplos extremos, mas paradigmáticos, desse trabalho. A sua mais recente criação - The Artist is Present ,uma performance onde se apresentou estática durante 736 horas e 30 minutos, foi apresentada durante a colossal exposição que o MoMA lhe dedicou no presente ano.
Perante a obra de Abramović surgem sempre algumas dúvidas, mas também muita polémica, sobre o os limites da criação artística. Se a arte é muitas vezes levada ao extremo, com rupturas conceptuais violentas, não é menos verdade que ela é também por vezes reflexo dos seus tempos. Será Marina Abramović uma extremista artística ou apenas um retrato fiel desta nossa contemporaneidade?
Sagrada Família
Depois de termos um número dedicado ao Sagrado, em Março deste ano, onde um dos artigos era sobre a peça de teatro "A Louca, o Médico, os Discípulos e o Diabo", o PROJECTO10 recomenda a mais recente criação de Jacinto Lucas Pires, que aborda também a religião, a política, o poder, etc.
Pedro e Maria estão desempregados e o Filho tem pesadelos com o mundo. Para resolver os dois problemas, Pedro tem a ideia de começar uma religião. Miraculosamente, a micro-empresa familiar torna-se um sucesso, mas os pesadelos continuam. Pulsões estranhas, palavras novas, imagens apanhadas do ar por um Filho sem idade e sem nome. Talvez a coisa só vá lá com acção. Talvez a religião tenha de descer à terra. Talvez seja preciso entrar na política. Será que Pedro vai conseguir? E Maria? E o Filho? E os outros? E nós? Sagrada Família é a nova peça de Jacinto Lucas Pires: uma história de amor, desejo, religião, política. Isto é, poder. Com esta encomenda (co-produzida pelo Teatro Viriato), a Culturgest quis proporcionar ao autor tempo para escrever sem equipa artística definida nem a pressão de uma data de estreia, assim como oportunidades para discutir o seu trabalho em progresso. Catarina Requeijo, que já tinha sido a actriz de Coimbra b, estreia-se na encenação.
in Culturgest
Pedro e Maria estão desempregados e o Filho tem pesadelos com o mundo. Para resolver os dois problemas, Pedro tem a ideia de começar uma religião. Miraculosamente, a micro-empresa familiar torna-se um sucesso, mas os pesadelos continuam. Pulsões estranhas, palavras novas, imagens apanhadas do ar por um Filho sem idade e sem nome. Talvez a coisa só vá lá com acção. Talvez a religião tenha de descer à terra. Talvez seja preciso entrar na política. Será que Pedro vai conseguir? E Maria? E o Filho? E os outros? E nós? Sagrada Família é a nova peça de Jacinto Lucas Pires: uma história de amor, desejo, religião, política. Isto é, poder. Com esta encomenda (co-produzida pelo Teatro Viriato), a Culturgest quis proporcionar ao autor tempo para escrever sem equipa artística definida nem a pressão de uma data de estreia, assim como oportunidades para discutir o seu trabalho em progresso. Catarina Requeijo, que já tinha sido a actriz de Coimbra b, estreia-se na encenação.
in Culturgest
TEATRO
DE QUI 16 A SÁB 18,
DE SEG 20 A SÁB 25
DE SETEMBRO
DE QUI 16 A SÁB 18,
DE SEG 20 A SÁB 25
DE SETEMBRO
Pequeno Auditório
21h30 · Duração prevista: 1h30 M12 · 12 Euros · Jovens até aos 30 anos: 5 Euros
21h30 · Duração prevista: 1h30 M12 · 12 Euros · Jovens até aos 30 anos: 5 Euros
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